quinta-feira, 15 de julho de 2010


AFINANDO ANJOS.

Com toda a minha admiração e ciência
Fui buscar nos versos teus o que me dá enlouquecia,
Mas em meio de toda análise acadêmica
Não encontrei provas nem sua post-mortem clemência.

Enigmático ser ilustre paraibano
Gostaria de relatar te como maldito,
Mas tudo é mais científico e Herculano
Do que Alvarez de Azevedo ou Byroniano.

Poeta dos coveiros e das grandes sinas
Augusto das impensadas rimas das alturas
Por essa que vos fala, hierofante de suas liras
Tenho as mesmas angustias das involuntárias desventuras.

Amo-te augustamente, e nessas tuas escritas
Descobri a incapacidade de desvendar seus arranjos
Nem romântico, nem parnasiano ou simbolista...
Sou a lama para um afinador de Anjos.

Paloma L. Araújo.
15-07-2010

sexta-feira, 21 de maio de 2010



VIRADA BURLESCA

Seus olhos pequenos estavam fechados,
Deu lágrimas quentes para os meus arregalados.
Se meu choro demasiado pudesse me afogar,
Acusaria você, por deixar-me no amor naufragar.

Eu indigente para seu sentido embriagado...
Cremou-me ao se perder na rua com a cor do pecado.
Enquanto na vida te burilei por necessidade,
Você burlou a minha noite da felicidade.

Bastava uma noite para gozar da sonhada vida
Mas os sofridos dias uniram-se a promessa não cumprida,
Que só adiantou a golpes essa minha partida.

Assim como Neruda com seu açoite,
Por ter te amado, eu poderia escrever
Os versos mais tristes naquela noite.


PALOMA L. ARAÚJO
20/05/2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

SEXTA-FEIRA 13 


Ontem a incomum chuva de meteorítos 
Prenunciou nosso cadáver sentimento 
Que tentei ressuscitar até o derradeiro momento 
E que você comumente envenenou aos gritos. 


Ainda ontem, a Lua sorria no céu 
Já você, senhor da ausente temperança 
Não ri, nem me concebe esperança 
De perdoar-me nem mesmo como réu. 


Mágica sexta-feira treze de Fevereiro 
Onde já vivemos augustas caricias 
E no ritual da vida, fostes o primeiro 
A amar-me e completar ardentes fantasias... 


 Ah angústia! Demônio do passado. 
 Nessa nova sexta-feira treze de Agosto 
Faço conjúrios para que vejas o quanto está errado 
E para cessar esse augusto desgosto. 


 PALOMA L. ARAÚJO. 
                      13-08-2010

segunda-feira, 22 de março de 2010



JARDIM DESENCANTADO

Amor que hoje por mim dorme sem norte,
Amor que anda por outros jardins,
Se outros encantos procura sem sorte
É porque abandonaste a flor maldita de seu jardim.

Neste campo que minhas pétalas enfeitaram a vida
Hoje enfeitam a morte com flores sintéticas,
Que já nem sei a quanto tempo estão falecidas,
Nem como pode o amor ter lei e não ter ética.

O pólen de sua antiga contemplação
Ainda faz desabrochar em meu peito brotos da paixão.
Mas a falta de cuidados com meu lado violeta e lado jasmim,
Desfolha os sólidos troncos que tenho dentro de mim.

Me guardo em pequenos frascos
Para suportar este Outono em desertas ruelas,
E suportar tua ausência que me poda em pedaços,
Por não ser mais tua rara rosa bela.

Jardineiro venha se embriagar em meu néctar e trazer florescência
Para que neste campo petrificado o amor tenha sobrevivência,
Pois ainda que minha fragrância esteja mais para cereja,
Por ti eu me transformaria no vicioso lúpulo da cerveja.


Por, PALOMA L. DE ARAÚJO
14/02/2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010


QUARENTENA NO JARDIN D´HIVER.

Sei que não morri em seu peito terno,
Pois ele é um jardim de inverno
Onde a beleza da morte não para de ri,
E só as flores malditas sobrevivem ali.

Quarenta dias de inferno ...
Uma quarentena sem ti,
Um deserto nesse interno,
Tudo porque o amor ousa omiti.

Senhor de minha cura
Tenho cólera porque longe te senti,
Mas te desejo velando minha vida dura,
Pois não conseguirei sobreviver sem ti!

PALOMA L. ARAÚJO
20/01/2010

domingo, 3 de janeiro de 2010



O ILUSIONISTA

Suas mãos dominam as cartas
De certo modo que parecem ser tuteadas.
E a cada palavra mágica inventada,
A plateia quer descobrir a lei do que você arma.

As batidas na mesa de seu jogo louco
Faz de você e das cartas, íntimas no espetáculo
Que em meio aos truques, não vê obstáculo,
Como dois verdadeiros As de Ouros.

Entre o Valete de Ouro de uma pessoa má
E a Rainha de Paus que tenho cá
O feitiço que você fazia
Tinha grande parceria nessa fantasia.

Sei que o baralho e a magia de todos os dias
São as grandes paixões de sua vida.
E como nasci mulher e não carta
Quero ser por você embaralhada como "mulharta".


PALOMA L. ARAÚJO
03/01/2010.