segunda-feira, 22 de março de 2010



JARDIM DESENCANTADO

Amor que hoje por mim dorme sem norte,
Amor que anda por outros jardins,
Se outros encantos procura sem sorte
É porque abandonaste a flor maldita de seu jardim.

Neste campo que minhas pétalas enfeitaram a vida
Hoje enfeitam a morte com flores sintéticas,
Que já nem sei a quanto tempo estão falecidas,
Nem como pode o amor ter lei e não ter ética.

O pólen de sua antiga contemplação
Ainda faz desabrochar em meu peito brotos da paixão.
Mas a falta de cuidados com meu lado violeta e lado jasmim,
Desfolha os sólidos troncos que tenho dentro de mim.

Me guardo em pequenos frascos
Para suportar este Outono em desertas ruelas,
E suportar tua ausência que me poda em pedaços,
Por não ser mais tua rara rosa bela.

Jardineiro venha se embriagar em meu néctar e trazer florescência
Para que neste campo petrificado o amor tenha sobrevivência,
Pois ainda que minha fragrância esteja mais para cereja,
Por ti eu me transformaria no vicioso lúpulo da cerveja.


Por, PALOMA L. DE ARAÚJO
14/02/2010

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